domingo, 30 de setembro de 2012

A Ti, meu Pai, me abandono




"A Ti, meu Pai, me abandono"

De 31 de Julho a 5 de Agosto, frei Inácio Larrañaga, o “Profeta da Oração”, orientou em Fátima um Retiro «Experiência de Deus». Participaram umas 430 pessoas, na maioria leigos das “Oficinas de Oração e Vida”. Várias religiosas. Sacerdotes, apenas 3. Representadas todas as Dioceses de Portugal, tendo vindo também alguns participantes da Espanha, da França e do Brasil.

Talvez pela última vez, tivemos o frei Inácio em Portugal. Aos 83 anos, este carismático capuchinho navarro, pensa interromper esta sua actividade pelo mundo dentro de uns dois anos.

Frei Inácio Larrañaga é um capuchinho sacerdote, nascido em Loiola e com residência em Santiago do Chile, mas calcorreando várias dezenas de países, levado da sua paixão por Cristo e pelos irmãos. Poeta, músico, escritor, místico, contemplativo… Em 1974 lançou-se na missão de promover os encontros da “Experiência de Deus”, aprofundando a graça e a arte de orar. Ainda na década de 70 orientou várias semanas em Portugal, algumas com a presença de 700 participantes. Em 1984, fundou as “Oficinas de Oração e Vida”, aprovadas em 1997 pela Santa Sé e presentes em mais de 50 países. Como serviço eclesial e apostólico, promovem a vida de comunhão com Deus, valorizando a sua Palavra na Bíblia e procurando o encanto por uma vida pacificada.

Alguns dos 17 livros de frei Inácio atingem as 500 edições, como «O Silêncio de Maria”, ou 200, como «Mostra-me Teu Rosto”.

Nos anos 70, vivia eu a apaixonante aventura eclesial dos Cursos do “Movimento por um Mundo Melhor”. Não usufruí, na altura, da “Experiência de Deus”, com o frei Larrañaga. O Pai, na sua bondade e sabedoria, tinha reservado esta semana de 2011 para que eu pudesse mergulhar neste Oceano de Silêncio, de Oração e Paz. A viver há uns tempos uma dura experiência de falta de visão, bem preciso de quem me ajude a abrir os olhos do coração. Para ver o Invisível. Para não tropeçar nas trevas da angústia e do desespero, enfrentando com serenidade a tempestade e as ondas e os ventos contrários…

São intensos os dias de Retiro. Pelos objectivos, muito ambiciosos – a “experiência de Deus”. Mas também pelo horário: das 7 da manhã, com a Oração sálmica, até pelas 11 da noite, conclusão da Eucaristia.

Destaco apenas uma das muitas dimensões saboreadas neste Encontro: a riqueza da reflexão e oração a partir dos Salmos. Cada manhã, o frei Inácio propõe-nos um salmo para a oração pessoal: uns quarenta e cinco minutos de reflexão, orientada por ele mesmo, embrenhando-se em perspectivas bíblicas, teológicas, existenciais, psicológicas; e outro tanto tempo de mergulho pessoal nesse Deus vivo e verdadeiro com que o salmista nos brinda. Só se sabe aquilo que vive. Busquemos o rosto de Deus, e tudo o mais se nos dará por acréscimo.

Assim, na manhã de segunda-feira, um delicioso aperitivo: o Salmo 63 – a sede do Deus vivo, único absoluto da nossa vida; na terça-feira, o Salmo 27 – a confiança inabalável no Deus-connosco, melodia que percorre toda a Bíblia; na quarta-feira, o Salmo 31 – o abandono filial nas mãos do Pai, banhando-nos no mar das bem-aventuranças dos abraços e ternuras do Pai; na quinta-feira, o Salmo 51 – a experiência pessoal da grande misericórdia do Pai, libertos de complexos de culpa; finalmente, o Salmo 139 – a mais perfeita oração de contemplação, envolvidos por Deus, por dentro e por fora.

Intenso foi o meu encontro e confronto com o Salmo 31. Para cada um dos momentos de reflexão ou celebração do Retiro, desloquei-me a pé ao Seminário do Verbo Divino. Quinze minutos. Passo apressado. Chegando a totalizar três horas de caminhada por dia. O caminhar, sabendo-se acompanhado pelo Jesus de Emaús, escutando a sua Palavra e sentindo a sua presença de Ressuscitado, de pés descalços e túnica branca, provoca em nosso coração um fogo que nos queima por dentro. E brota a festa e a alegria e a música. E a libertação. Tanto mais forte e profunda, quanto maior for a entrega nos braços do Pai. Desta vivência itinerante brotou uma nova “versão” para o Salmo 31 que, em forma de testemunho, partilhei na Eucaristia de quinta-feira à noite: “A Ti, meu Pai, me abandono”. Retirado agora do ficheiro “Cânticos no forno”, entrego-o aos irmãos e irmãs como gratidão pelo acolhimento carinhoso e oração solidária.

Continuemos na busca do rosto do Senhor. Atirando-nos para os seus braços de Abbá. Buscá-lo é encontrá-lo, segundo o testemunho experiencial de Santo Agostinho. Enchamos o nosso coração do Senhor e do seu Evangelho! Assim, como Francisco de Assis, com os olhos e o coração cheios do Altíssimo e Bom Senhor, poderemos encontrá-lo nos irmãos e nos peixes, nas flores e nas galáxias, nos regatos e nos oceanos, nos rouxinóis e nos lobos…

escrito por Acílio Mendes


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Claridade



Senhor,
mais uma vez estamos a viver
uma profunda intimidade.
Cada um de nós viu a sua vida
maravilhosamente invadida pela Tua vida.
Vivemos agora
a aventura da Tua vida na nossa existência, 
da Tua força na nossa fraqueza,
do Teu vigor na nossa debilidade.
A Tua luz penetrou nos caminhos do meu ser.
Tu és a luz da minha caminhada.
Tenho a certeza, Senhor, tenho a certeza
de que somente na Tua luz
poderei construir jubilosamente a minha vida.
Sei que Tu vives na luz
e quiseste-nos dar um pouco dessa luz.

Mas, infelizmente,
pela nossa parte tudo são trevas.
Senhor, os homens parecem gostar 
de caminhar nas trevas.
Parecem gostar de andar às cegas,
de olhos vendados. Não querem ver.
Este é também o meu pecado:
muitas vezes não quero ver.
Tenho medo que, ao examinar a minha vida,
me veja obrigado a mudar.
Eu Te suplico, Senhor, abre os meus olhos!
Neste momento de sinceridade, tenho a certeza, 
Senhor, tenho a certeza de que quero ver.
Deixe que a Tua luz penetre agora
nas trevas da minha vida.
Luz, Claridade, Resplendor. Luz que cega.
Claridade transparente. Clarão iluminante!
Eu quero ver, Senhor, eu quero ver! Ámen.
(frei Ignacio Larrañaga)


domingo, 9 de setembro de 2012

Vai valer a pena



O sentido do vídeo é tentar entender o sofrimento de Deus ao ver seu Filho Jesus morrer pra perdoar nossos pecados! Qual seria a nossa decisão, será que faríamos isso por quem não merece?