segunda-feira, 26 de novembro de 2012


“A pergunta no teste de religião era: “Que sucede depois da morte?”. A perplexidade do professor, sacerdote com experiência no ensino, devia-se a vários factores evidenciados nas respostas. Assim, percebia que os alunos não tinham prestado atenção ao que ensinara nas aulas: que estavam mais interessados no que sucedia ao corpo (biodegrada-se: mete-se num caixão que vai para a terra e, dez anos depois, a alma sai do corpo – foram algumas das respostas mais comuns) do que à alma.

Esta pergunta sobre o que acontece ao homem depois da morte é uma questão que toda a gente coloca desde que se apercebe desta realidade universal: vou morrer. É pois oportuno, no Ano da Fé, recordar o que Cristo, através da Igreja, ensinou sobre o nosso “e depois?”.

Imediatamente a seguir à morte da pessoa, a alma é julgada por Deus num juízo particular. Toda a vida é revista. Revelações particulares acrescentam que Nossa Senhora e o Anjo da Guarda estão presentes para a defender, assim como as almas do Purgatório e das pessoas que lhe estão agradecidas por, em vida, terem seguido os seus bons exemplos ou conselhos. Os santos (todos quantos já se encontram no Céu), aos quais recorreu em vida, também ali estão para a animar e acarinhar. Algo semelhante se pode dizer dos demónios e almas condenadas que estão para acusar.

Neste Juízo Particular fica decidido se a alma vai para o Céu ou para o Inferno, de acordo com as suas acções. Se for para o Céu, talvez necessite passar pelo Purgatório para se purificar dos seus pecados. Houve também revelações particulares acerca destas realidades, S. Paulo, por exemplo, fala-nos do Céu e os pastorinhos de Fátima viram o Purgatório e o Inferno.

No final do mundo, haverá um Juízo Universal. Será semelhante ao primeiro, mas mais completo, pois as acções humanas podem influenciar as gerações seguintes para o bem ou para o mal. Por exemplo: o que os pais ensinam aos filhos vai ter repercussões nos netos; os livros de um escritor podem ajudar a reflectir para o bem ou para o mal; as orações e sacrifícios de uma religiosa contemplativa podem ter ajudado na conversão de pessoas que, por sua vez, se tornaram apostolas.

Com o juízo final termina o Purgatório, e os corpos ressuscitam, participando assim da glória ou do sofrimento das almas. Há, pois, uma felicidade (ou infelicidade) maior, visto que corpo e alma participam da mesma vida, tal como sucede na terra. O homem é formado de corpo e espírito e a sua vocação é a santidade. É razoável que corpo e alma gozem dos bens que, graças à sua Fé e vontade, conseguiram alcançar: tal como os adolescentes que se empenham em estudar, mesmo com sacrifício de noitadas com amigos, e conseguem entrar na universidade, ou como os professores cuja fama se baseia nas boas notas dos seus alunos.

A estas realidades: morte, juízo, inferno e paraíso, é costume chamar-se novíssimos, por serem novidade para qualquer pessoa que morre. Embora nos expressemos com palavras e baseados nas realidades terrenas, tudo se passa a um nível “novíssimo” de sentidos e sentimentos.

O mês de Novembro dá-nos a oportunidade de concretizar a vivência da nossa Fé rezando, mortificando-nos e dando esmolas com a intenção de reduzir o tempo de purgatório de familiares e amigos, essas ligações de amor que não morrem com a morte.”

Isabel Vasco
Artigo retirado do jornal “O Mensageiro”
Imagem: Internet

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