quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Coragem

Leitura Bíblica:
"Paulo fitou os membros do Sinédrio e disse: «Irmãos, tenho procedido para com Deus, até hoje, com absoluta rectidão de consciência.» Mas o Sumo Sacerdote Ananias ordenou aos seus assistentes que lhe batessem na boca. Então, Paulo disse-lhe: «Deus te baterá, a ti, parede branqueada! Tu sentas-te para me julgares de acordo com a lei, e mandas bater-me, violando a lei?» Os assistentes disseram-lhe: «Tu insultas o Sumo Sacerdote de Deus?» Paulo respondeu: «Não sabia, irmãos, que era o Sumo Sacerdote. Realmente está escrito: ‘Não dirás mal do chefe do teu povo.’» Sabendo que havia dois partidos no Sinédrio, o dos saduceus e o dos fariseus, Paulo bradou diante deles:
«Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus, e é pela nossa esperança, a ressurreição dos mortos, que estou a ser julgado.»
 Estas palavras desencadearam um conflito entre fariseus e saduceus e a assembleia dividiu-se, porque os saduceus negam a ressurreição, assim como a existência dos anjos e dos espíritos, enquanto os fariseus ensinam publicamente o contrário. Estabeleceu-se enorme gritaria, e alguns escribas do partido dos fariseus ergueram-se e começaram a protestar com energia, dizendo: «Não encontramos nada de mau neste homem. E se um espírito lhe tivesse falado ou mesmo um anjo?» A discussão redobrou de violência, a tal ponto que o tribuno, receando que Paulo fosse despedaçado por eles, mandou descer a tropa para o arrancar das mãos deles e reconduzi-lo à fortaleza. Na noite seguinte, o Senhor apresentou-se diante dele e disse-lhe: «Coragem! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim é necessário que o dês também em Roma.»
(At, 23, 1-11)

O apóstolo Paulo foi preso, acusado, enfrentou julgamentos e ameaças de morte. Não porque fosse criminoso, mas só pelo fato de pregar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. No texto bíblico de hoje observamos até um tumulto por causa da presença de Paulo, que exigiu intervenção militar para garantir sua segurança. 
Ele tinha todos os motivos para ficar com medo e intimidado, mas na noite seguinte recebe a visita do Senhor Jesus, que o anima e lhe aponta novas tarefas para o futuro. Isto se reflete em palavras de encorajamento nas diversas cartas escritas pelo apóstolo Paulo, como por exemplo: "Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes" (1 Co 16, 13), e também "Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus" (2 Tm 1, 7-8). 
Deus não abandona quem se mantém fiel a ele, busca conhecer sua vontade e lhe obedece. Isto não nos isenta de dificuldades e sofrimentos – o próprio Paulo relata muitas aflições pelas quais passou, e no fim acabou executado, mas também confirma a fidelidade de Deus. Confira em 2 Coríntios 11, 23-33, por exemplo. Foi pela fé e a coragem que Josué levou o povo de Israel a conquistar a Terra Prometida, e Davi conseguiu vencer o gigante Golias. Com certeza eles se apropriaram da promessa de Deus que diz: "Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o abandonarei" (Js 1.5). 
Coragem, pois; a promessa de Deus para todos os cristãos é: "Nunca o deixarei, nunca o abandonarei. Podemos, pois, dizer com confiança: o Senhor é o meu ajudador, não temerei. O que me podem fazer os homens?" (Hb 13.5, 6) – MM

Deus nem sempre guarda seus filhos dos sofrimentos, mas sustenta - os dentro deles.

Imagem: Internet
Fonte: Pão Diário

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Aprender a orar

A tia-avó da Inês está doente. Embora tivesse já alguns problemas de saúde, nas últimas duas semanas a situação piorou substancialmente por causa de uma intervenção cirúrgica.

A Inês tem andado bastante preocupada com a tia e o primo, que é seu grande amigo e muito chegado à avó. Por isso, no grupo de catequese pede que a ajudem a rezar. Ela sabe que nada mais se pode fazer.
Matilde comove-se com a sensibilidade da sua aluna. E aproveita para explorar um pouco o tema da oração, regra geral muito mal entendido:
– O que é, no vosso entender, rezar?
A vivaz Cristina responde:
– É falar com Deus!
– Mas – prossegue Matilde –, será um falar apenas através de fórmulas feitas?
Filipe procura esclarecer-se:
– Tipo pais-nossos e ave-marias?
– Por exemplo – elucida Matilde.
– Acho que não – intervém Joel. – Quando tenho algum problema, peço a Deus que me ajude a resolvê-lo. E com palavras minhas, porque ninguém conhece o meu problema para inventar uma fórmula para ele…
– Inês, o que estás a sentir relativamente à doença da tua tia e a tudo o que se tem passado? – incita Matilde.
A jovem fica um pouco encavacada e, após breves instantes, responde:
– Na verdade, estou um bocadinho zangada com Deus porque a minha tia vai piorando e estão todos muito tristes, cansados e com medo do que possa acontecer. Vou pedindo a Deus que a ponha boa, só que Ele parece não me ouvir… e isso chateia-me tanto!
– É normal e não precisas de ter vergonha por te sentires assim – acalma-a Matilde. – Moisés também tentou “convencer” Deus a fazer pelo povo de Israel o que ele considerava ser o certo. E andou para ali com argumentos e mais argumentos, até ao ponto de quase fazer um ultimato ao seu Senhor. Ele queria MESMO sentir a presença de Deus naquela altura tão difícil da saída do Egito (Ex 32-34). Dava a ideia que Deus se tinha eclipsado… E era necessário que Deus se mostrasse mais forte do que o pecado e a morte. E foi esperto. Não se pôs a dizer que o povo era muito bonzinho e, portanto, merecia que Deus se lhe revelasse… Pegou, em vez disso, na fama de misericórdia de Deus, como para Lhe lembrar que Ele é que era bom e que, embora o povo não merecesse, por causa dessa bondade seria de esperar um sinal divino. Mas o melhor é pegarem nos tablets e conversarem diretamente com Moisés.
Filipe dá o pontapé de saída:
– Moisés, Deus não se ofendeu de estares a argumentar com Ele, porque, realmente, Ele é que era Deus e tu estavas a armar-te em carapau de corrida…
No ecrã apareceu a resposta pronta:
– Não! Deus sabia que os meus argumentos vinham da profundidade da relação que tinha com Ele e que me permitia dizer todas aquelas coisas…
Cristina continua:
– Querias que Deus se revelasse para as pessoas acreditarem n’Ele… e em ti?
– Sim – aclara Moisés na Bíblia_app –, porque a presença manifesta de Deus no meio do seu povo é o que o distingue de todos os outros povos. Se essa presença não for visível, quem é que confia que se trata do povo de Deus?
Joel acrescenta:
– E Deus não se aborreceu por estares sempre a insistir no mesmo?
Moisés explica:
– Deus nunca se aborrece por alguém Lhe pedir com insistência o que quer que seja, argumentando sem medo e com total liberdade, porque é assim que se fala com os amigos.
Inês, sedenta de algum consolo, indaga:
– Como te sentiste depois de orar a Deus dessa maneira?
Moisés replica:
– Eu pensava que, com a minha oração, ia mudar Deus e que ia levá-Lo a fazer o que eu queria, mas curiosamente foi Ele que me mudou e me fez compreender melhor como Ele é. Ele transformou o meu coração! E eu ganhei novas forças.
Matilde conclui, sublinhando:
– O mais importante na oração não é se rezamos com palavras compostas por outros ou com fórmulas nossas; é, isso sim, que sintamos profundamente o que estamos a dizer a Deus… e que façamos silêncio para o sentirmos no nosso coração e os outros possam ver isso mesmo. Qualquer relação se faz de diálogo, ou seja, de falar e escutar.

Texto: Maria Mendonça
Revista: Audácia

Salmo 136

Salmo 136 é um hino de acção de graças ao Criador... e foi a partir dele que o autor que está indicado no final se inspirou...

Ninguém pretenda saber tudo...
O sábio di-lo por humildade; o ignorante, como desculpa.






Há fenómenos
que ninguém sabe donde vêm.
Deus sabe.

Há estrelas para além deste Sol,
que ninguém conhece.
Deus sabe.

Há rochas no fundo do mar, 
que ainda ninguém viu.
Deus vê.

Há escravos para além do Nilo,
que os faraós não querem libertar.
Deus quer.

Há águas do rio Jordão, 
que ninguém pode passar.
Deus pode.

Há reis poderosos, 
que ninguém vence.
Deus vence.

Há profetas, 
que só prometem e não dão.
Deus dá.

Há mistérios na vida do homem,
que ninguém entende.
Deus entende.

Há bons e maus à mistura, 
que ninguém distingue.
Deus distingue.

Porque o seu amor é eterno. (v. 4b)

Texto: frei Manuel Rito Dias
revista Bíblica

A palavra Diligência

Encontrei este artigo numa revista que tinha guardado e entendi partilhá-la convosco...

A «Diligência» é uma palavra pouco usada e quando é usada, restringe-se, normalmente, aos meios e ambientes judiciais, todavia encerra em si uma grande riqueza, quer de conteúdo, quer de valor.

A diligência é uma das sete virtudes do Cristianismo, a virtude humana de seguir e atingir um objetivo na vida de forma cuidadosa e atenta, esforçando-se na aplicação dos meios para fazer acontecer o que urge ser feito e da melhor forma possível.
A palavra «diligência» vem do verbo latino diligere, que significa «amar». E diligens (diligente) significa «aquele que ama».

A pessoa diligente age com amor e prontidão (diferente de pressa), procurando o bem e predispondo-se a atingi-lo. Diligência é a capacidade de combinar persistência criativa e esforço inteligente com competência e eficácia, para alcançar um resultado honesto dentro do mais alto nível de excelência e eficácia. Ser diligente é fazer o que precisa ser feito, é não perder tempo, não acomodar-se ao “mais fácil”, não buscar desculpas, não adiar. A diligência pressupõe uma atenção esmerada e cuidadosa para apreciar o valor dos deveres a cumprir e para os escolher conscientemente, como fruto de uma reflexão atenta e ponderada.

Fruto da reflexão

Uma pessoa diligente é uma pessoa de reflexão. Só quem pensa serenamente nos seus deveres, na maneira de conjugá-los, nas prioridades que entre eles deve estabelecer, nos passos necessários para os executar é que possui o controlo da ação e do tempo. Viver com diligência é saber aproveitar cada dia e não ser uma marioneta puxada aos solavancos pelas cordas do nervosismo e da imprevidência. A diligência necessita do solo fecundo da serenidade e da meditação. É preciso que aprendamos a parar e a perguntar a nós mesmos: Porque faço isto? Como é que o estou a fazer? Estou a fazer realmente o que devo e do melhor modo? O homem moderno é pobre em interioridade: medita pouco e quer abranger muito. Então é quase inevitável que num dado momento da sua vida, talvez quando já chegou longe demais, se lhe tornem claras, como um soco na consciência, as palavras de Santo Agostinho: «Corres bem, mas fora do caminho.»

Antídoto para a preguiça

A diligência é o melhor antídoto para a preguiça. Nos dias de hoje é muita e constante a tentação da preguiça, de cair na rotina, em vez de ter a coragem de agarrar com firmeza o leme da vida e controlar energicamente o rumo da navegação. Onde a preguiça cava um abismo, a diligência ergue uma montanha. O preguiçoso é aquele indivíduo avesso a atividades que mobilizem esforço físico ou mental, de modo que lhe é conveniente direcionar a sua vida a fins que não envolvam maiores esforços. Em confronto com a preguiça, a virtude da diligência consiste no contrário: na procura com amor do bem e na constante disponibilidade para fazer o melhor em qualquer projeto/tarefa.

Antídoto para o ativismo
A diligência é, também, um bom antídoto para o ativismo. É comum vermos muitos de nós num ativismo desenfreado. Não paramos um instante. Vamos de cá para lá, assoberbados de tarefas, numa incessante corrida atrás do tempo, que sempre nos falta. As ocupações envolvem-nos como que num remoinho e impedem-nos de sermos donos de nós mesmos. O “correr” domina-nos como um cavalo sem freio, do qual perdemos as rédeas. Pelo contrário, uma pessoa diligente aproveita e usa o tempo para uma reflexão atenta e ponderada, experimentando e afirmando que só há amor (diligência) quando se sabe apreciar e escolher alguma coisa depois de uma reflexão esmerada e cuidadosa. Não é diligente quem se precipita mas quem pondera o que fazer e como fazer.

Diligência e fé

São vários os passos bíblicos que nos falam sobre a necessidade de diligência na vida pessoal. Por exemplo, Abraão e Josué foram chamados a serem uma bênção para eles e para os outros. Aquilo que eles precisariam de fazer, aquilo que estava em poder de suas mãos, Deus não iria fazer por eles. Mas o imprevisível estaria nas mãos de um Deus que jamais é poupado em surpresas. O mesmo se passou com Noé. É óbvio que a fé tem de estar implícita no ato de acreditar, mas Noé não podia facilitar apesar de saber que Deus iria cumprir. Ele precisou de se antecipar o suficiente porque um barco daqueles não poderia ser construído em dois dias de trabalho árduo. Ele precisou de medir a distância no tempo entre o que precisava fazer e o que Deus prometeu. Imaginemos que Noé tinha acreditado em Deus mas não tinha sido diligente em obedecer-Lhe. Imaginemos que ele acreditava que no último minuto Deus lhe enviaria um barco ou pararia a chuva. Que teria acontecido? Muitas vezes queremos responsabilizar a fé pelo que já devia ter acontecido e não aconteceu, ou, então, forçar a fé a fazer o que compete à diligência. É importante crer, mas a fé só resultará se for acompanhada dos atos de diligência. Que Deus nos ajude a desenvolvê-la e a pô-la em prática na nossa vida.

Fonte:Revista Audácia Junho 2014
Texto: Abel Dias, professor

sábado, 26 de novembro de 2016

Confiança no Senhor

Leitura Bíblica
"Os meus adversários perseguem-me continuamente;
são numerosos, ó Altíssimo, os que lutam contra mim!
Quando tiver medo, confiarei em ti.
Rejeita-os, ó Deus, por causa da sua maldade;
derruba os povos na tua ira.
Tu contaste os passos do meu peregrinar,
recolheste e guardaste as minhas lágrimas.
Não está tudo isso anotado no teu livro?
No dia em que eu te invocar,
os meus inimigos hão-de retroceder;
então ficarei a saber que Deus está por mim.
Celebro a palavra de Deus,
celebro a palavra do Senhor.
Em Deus confio, nada temo:
que mal me poderão fazer os homens?
Mantenho as promessas que te fiz, ó Deus,
quero cumpri-las com sacrifícios em teu louvor."
[Salmo 56(55), 3-4; 8-13]


Baise Pascal era cristão, cientista, filósofo e autor de diversos livros. Teve uma vida curta, porém incomum. Com 16 anos publicou o primeiro estudo matemático. Aos 20, inventou uma calculadora. Todavia, sua vida foi marcada por doença e sofrimento. Desde os seus 18 anos de idade não viveu sequer um dia sem sentir dores. Faleceu aos 39 anos. Ele escreveu um memorial com um impressionante testemunho de sua conversão e uma oração de enfermos, tida como uma das suas obras mais preciosas. Lá consta: "Senhor, concede-me a graça de unir o teu consolo às minhas dores para que eu sofra como cristão. Não te peço que me livres da dor; mas peço-te que eu não seja entregue à dor sem o consolo do teu Espírito. Não te peço uma superabundância de consolações em qualquer dor. Também não te peço abundância de sofrimento sem o teu consolo. Mas peço-te uma coisa só, Senhor: poder experimentar ao mesmo tempo a dor e o consolo do teu Espírito. Pois é nisso que consiste a verdadeira essência de ser cristão. Não quero sentir dor sem consolo, mas dor e consolo para que no fim eu alcance o alvo em que somente terei consolo sem qualquer dor". Esta oração demonstra um pouco da vida de fé desse homem. Tinha um relacionamento pessoal com o Senhor, em cuja presença vivia. Como o salmista, experimentou que quem conhece Deus sabe em quem confiar. Sabia que ninguém melhor do que o Senhor podia compreendê-lo. Sabia a quem recorrer nos momentos de aflição. Tinha uma fonte de onde buscava forças e consolo. Sua vida, apesar de tudo que sofria, tinha um sentido e uma esperança. Veja: o salmista conhecia tudo que é fundamental para viver e sobreviver nas contrariedades que a vida nos impõe. Isso era fruto de sua fé e do seu relacionamento com o Senhor. Urge, pois, que cresçamos na nossa comunhão com Jesus e na nossa dependência dele. Esta já é sua experiência? – LSCH 


Quanto mais conhecermos Jesus, mais tranquilos ficaremos nas adversidades.

Fonte: Pão Diário
Imagem: Internet