sábado, 19 de maio de 2012

Maria é a Porta...


Estamos no mês de Maio, e sendo dedicado o mês de Maio a Maria, resolvi publicar neste blog um artigo (que li por acaso), que me marcou de forma particular…
Os créditos e a fonte deste texto estão no final do mesmo.


"A sugestão que me foi dada para o número de Maio, como não poderia deixar de ser, foi Maria.
A tarefa, que ao início me pareceu banal, tornou-se um desafio que me confrontou com o meu próprio desconhecimento da Mãe de Jesus, com quem desde muito cedo convivo, porém encontrar um fio, uma ideia para uma reflexão, tornou-se num trabalho de Hércules. Evocar a figura e o percurso de vida seria uma possibilidade, mas descobri que pouco sei sobre Ela. Louvar a sua santidade seria outra possibilidade, mas de tão óbvia acabaria por traçar um caminho alheio ao nosso quotidiano, sem tirar proveito da força e inspiração que o seu percurso de vida é para nós, hoje.
Postas de lado estas possibilidades, apareceu-me uma entrevista do jornalista Luís Osório a D. José Policarpo, em que este o questionava se reconheceria Jesus Cristo se este viesse de novo à terra.
Encontrei neste desafio o ponto de partida para colocar a mesma pergunta, mas sobre Maria. Não me refiro às aparições, refiro-me antes à vida de Maria enquanto mulher igual a nós, como o foi há dois mil anos.
Reconheceríamos os traços do seu ser e do seu estar, serviria a sua vida de espelho, não apenas porque reflectisse a realidade, mas porque apontaria soluções para os desafios que se nos colocam num mundo cada vez mais materialista em que o apelo à adesão de ideias prefabricadas nos entra pela casa dentro à distância de um clique?
Em suma, quem é Maria para que se possa reconhecer? Cada um encontrará de certo a sua resposta. Para mim, Maria é a Porta, o limiar entre o sagrado e o humano, entre o Céu e a Terra, entre o temporal e o espiritual. Foi através dela que Cristo veio ao nosso encontro. Ela é aquela que se abriu incondicionalmente aos desígnios de um Deus desconhecido, que se vai revelando ao longo da sua própria vida, e que ela acompanha como todas as mães o fazem aos seus filhos. Maria elevou a maternidade, sublinhou o milagre da sua vida simultaneamente material e espiritual, aceitando aquele filho designado para uma missão que ela partilhou, que foi parte integrante da sua vida na terra, e, no entanto, Maria revela-se dona de uma vida e vontade próprias. A lição da sua vida, e da sua família está na oferta livre e afectuosa de cada um dos seus membros, na capacidade de gerar laços, mesmo que improváveis, e de suportar o seu peso, na dedicação ao outro, não como uma negação de felicidade procurada e da liberdade que se quer sem impedimentos, mas como um caminho para a realização, para o reconhecimento que tem a forma de um dom, aquele que realmente alimenta e satisfaz o coração.
Perante o empobrecimento da densidade humana da ordem dos afectos, que hoje é aceite colectivamente, em que os laços fortes que se configuram na dedicação ao outro, na responsabilidade diante da sua grandeza e/ou fraqueza, na fidelidade ao compromisso assumido são considerados um peso demasiado grande a pagar, Maria continua, com a sua própria experiência humana e espiritual, a ser uma Porta aberta para um maior conhecimento do amor aos outros."



Texto: Isabel Galamba de Castro
Fonte: Missões Franciscanas (Maio 2012)
Imagens: Internet

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