Hoje, ao ouvir e depois de voltar a ler novamente esta passagem bíblica, ficou mais destacada na minha memória a segunda pergunta que o doutor da lei faz a Jesus: "E quem é o meu próximo?" (Lc 10, 29). Embora eu já esteja farto de saber que o meu próximo é todo aquele ou aquela que se cruza comigo, seja familiar, mais ou menos amigo, ou até mesmo um desconhecido. A liturgia de hoje fez com que eu meditasse e chegasse à conclusão que se eu já interpretei o papel do (bom) samaritano, também reconheço que muito mais vezes agi como o sacerdote e o levita, ou seja que passaram ao lado e nada fizeram. Senhor, peço-Te perdão, por todas as vezes que fiquei de braços cruzados.
Palavra:
Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» (Lc 10, 25-37)
Reflexão:
Se algum texto bíblico fala por si mesmo, é o de hoje. Belo resumo de todo o Evangelho de Jesus, porque amar o irmão é próprio e característico do discípulo de Cristo. A prática eficaz e indivisível do amor a Deus e ao próximo, sem restrições nem exclusivismos é que define a religião que Jesus fundou. "Dou-vos um mandamento novo: que vos amei uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13, 34s): Cristo é o bom samaritano que ama a humanidade caída. A Sua pessoa e o Seu exemplo enviam-nos continuamente ao mundo em missão de amor, um amor que dá vida. Este é, portanto, o testemunho mais directo e válido. Amar é a sabedoria da vida, porque é viver autenticamente. Mas, infelizmente, de tanto ouvir e não praticar o mandamento do amor fraterno, parece que ele se nos escapa e amolece. Contudo, o que ama verdadeiramente a Deus leva muito a sério o homem. E o que ama o irmão vai a direito, sem rodeios nem desculpas para passar ao largo do necessitado que se cruza no caminho, quem quer que sejam, sem ligar à classe social, língua, raça, cor, religião, partido ou ideologia. Para Jesus, o que conta é o amor comprometido: "Vinde benditos de meu Pai... O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequenos, foi a Mim que o fizestes" (Mt 25, 40).
Imagem: Internet
Reflexão retirada do Diário Bíblico 2010
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