terça-feira, 28 de março de 2017

Cultura do descartável...

À primeira vista poderá acontecer que coloque a pergunta, o que é que este assunto tem a ver com a Evangelização? No geral nada tem a ver com o Evangelho, mas serve para nos alertar, a mim especialmente, não que eu jogue o jogo, nem tão pouco me interessei de como se joga, mas porque também gosto de ocupar tempo, por vezes com coisas semelhantes; e então partilho convosco este artigo que retirei do site abaixo indicado e que nos quer acordar para a realidade essencial da nossa vida terrena...

Ser homem ou mulher, não é ser um/uma especialista num jogo...

"Na exortação apostólica Amoris Laetitia, de maneira quase despercebida, o Papa enumera no número 39 alguns sintomas da “cultura do descartável” que ele tanto denuncia (aquela mesma cultura contra a qual ele pediu para que nos rebelássemos contra durante a JMJ de 2013). Um dos sintomas listados ali é a “obsessão pelo tempo livre”, que no mundo de hoje, com tantas crises e decadência moral, pode ser completamente ignorado ou então encarado como algo comum. Mas essa obsessão é um mal real e aprisiona muitos homens em seu caminho para a maturidade.

O fenómeno do “Pokémon Go” é bastante ilustrativo.

Se um dia os jogos tinham como seu principal público-alvo as crianças, o mesmo já não pode ser dito hoje. Bem como as animações cinematográficas, os videogames atualmente visam muito mais o público dos 18 aos 30. De fato o mundo atual (pelo menos em sua parcela capitalista) possui mais luxo do que nunca, então o mercado de entretenimento pode ser mais rentável do que seria num mundo em guerra ou sem os avanços tecnológicos de hoje. Não há nada de errado nisso. O problema é que isso também se deve em grande parte à existência de uma geração de “jovens adultos” que vive para o entretenimento. Para seus hobbies. Uma geração obcecada pelo tempo livre.

Na mentalidade materialista que impregna o ar hoje, são muitos os homens que fazem da vida um eterno playground. Foram crianças supermimadas, acostumadas a viver nesse ambiente confortável e não aprenderam que ser homem não é ser um mestre pokémon. Crescendo e arrumando empregos, tendo sua própria renda, esses homens não pensam em construir uma família (até pensam, mas “deixa pra depois”). Não pensam em dar a vida – que é essencialmente o que caracteriza a virilidade. Pensam em curtir. Ver todos os filmes da Marvel na estreia. Ter a coleção completa de Assassin’s Creed, God Of War, Call of Duty. Obcecados pelo tempo livre, são homens que evitarão assumir compromissos mas farão um esforço profundo para ter todos os 150 pokémons, e sem dúvida gastarão dinheiro para ir aos locais indicados pelo jogo para ter os pokémons raros… O compromisso que eles são capazes de assumir é com o próprio lazer e diversão.

Não queremos demonizar o entretenimento saudável, nem mesmo o videogame. Saber divertir-se (e reconhecer que o lazer e diversão têm seu lugar na vida) é fundamental para o homem responsável. Em Filoteia, escreve são Francisco de Sales:

“A necessidade de um divertimento honesto, para dar uma certa expansão ao espírito e alívio ao corpo, é universalmente reconhecida. Conta o beato Cassiano que um caçador, encontrando São João Evangelista brincando com uma perdiz que segurava em suas mãos, perguntou-lhe como um homem como ele podia perder tempo com um divertimento semelhante. O santo por sua vez perguntou ao caçador por que ele não tinha sempre o seu arco esticado, ao que este respondeu que se fizesse assim, o arco perderia toda a força. Retorquiu então o santo apóstolo: Não há, pois, que admirar que dê agora um pouco de descanso ao meu espírito, para o tornar capaz de prosseguir em suas contemplações. Não há duvida: muito defeituosa é aquela severidade de alguns espíritos rudes, que nunca querem permitir um pouco de repouso nem para si nem para os outros”.

O videogame, as boas animações, tudo isso pode ser objeto de descanso e lazer para um homem, mas com temperança. Precisamos descansar para melhor servirmos a Deus e ao próximo. Mas parece que a máxima de muitos homens hoje é “trabalho para ter os meios necessários para minha diversão”. O trabalho (que nessa mentalidade não significa servir a Deus e ao próximo…) visa o dinheiro, o dinheiro visa a diversão. A diversão é o fim último.

Isso está longe, muito longe do significado de ser homem. São eternos meninos. É bastante interessantes que Ash Ketchum, protagonista de Pokémon, seja um menino de dez anos que não envelhece desde que o desenho estreou em meados dos anos 90. A obsessão por lazeres, jogos e entretenimento mantém muitos dos homens de hoje eternos meninos de dez anos.

Que pela intercessão de São Francisco de Sales, possamos nós alcançar a verdadeira temperança e 
apreciar assim, retamente, todas as coisas."

http://www.homemcatolico.com.br/ser-homem-nao-e-ser-um-mestre-pokemon/
Imagem: Internet



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