Leitura Bíblica
"«Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.»"
(Mt 7, 24-27)
Comentário
O grande problema, que a todos diz respeito, não está tanto em ouvir, mas em cumprir. Com efeito, ouvir a palavra é fácil. Cumpri-la, porém, é difícil. Talvez uma das dificuldades da Igreja pós-conciliar é que se fala muito, mas faz-se pouco. Houve até quem propusesse um ano de silêncio total, em que deixássemos de falar e nos metessemos só a executar os documentos conciliares. Há, na verdade, a tentação dum certo vedetismo, a mania do sensionalismo. Esta tendência é agravada pelos actuais meios de comunicação social: a imprensa, a rádio e a TV, coisas pouco usadas noutros tempos.
Reconhecendo, embora, o perigo de uma verborreia ociosa, temos também de cair em conta de que antes, de executar, é preciso pensar, discutir e dialogar. É este o caminho normal da psicologia humana. Também aqui se pode dizer que, no começo, está o verbo e a palavra. Na Bíblia, a abundância da palavra é um dos sinais da chegada dos tempos messiânicos (cf. Jl 3, 1-2; Act 2, 1-4). Por isso, se desata a língua de Zacarias (Lc 1, 64-67) e Cristo faz ouvir os surdos e falar os mudos (Mt 9, 32-34; 12, 22-24; Mc 9, 17-27). Mas é preciso que aquele que fala, não o faça movido pela vaidade ou por outras intenções menos nobres, mas que seja empurrado por Deus. Assim acontecia aos profetas, denunciando as injustiças (Am 7, 10; Jer 20, 7-17; Os 1, 1; Jo 1, 1), ou aos Apóstolos, anunciando o Evangelho, diziam: «Não podemos calar» (Act 4, 18-20).
Na Igreja e também na sociedade civil, devem existir estes dois tempos, sempre que se trate de realizar qualquer projecto que diga respeito a todos. Com efeito, o que é de todos deve ter a participação de todos. O Concílio foi o tempo de discussão. O pós-concílio deve ser o tempo de execução. Não o tem sido, porquê? Porque o Concílio foi um diálogo, quase exclusivamente a nível episcopal. Só num segundo tempo é que veio um diálogo a nível de toda a Igreja. O Concílio é pedra do diálogo caído no centro do lago. As ondas concêntricas estão levantadas, só agora estão a atingir a periferia do lago, isto é, de todo o povo de Deus. Por isso, a nível de Povo de Deus, estamos em estado de Concílio e, portanto, de diálogo, de discussão. Aparecem, contudo, os sinais dos tempos da execução no cansaço pela discussão.
Texto estraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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