quinta-feira, 24 de maio de 2018

Maria, Esposa e Mãe

Leitura Bíblica
"Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos quantos o ouviam, estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas. Ao vê-lo, ficaram assombrados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!» Ele respondeu-lhes: «Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse. Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens."
(Lc 2, 41-52)


Comentário
Hoje, porventura mais do que em qualquer outra época, torna-se difícil a convivência familiar. Sobretudo os sacerdotes que, por dever pastoral, estão mais em contacto
com uns e com outros, vão-se dando conta desta dificuldade. Com frequência, as mães vêm ter connosco e, num doloroso desabafo, dizem-nos: «Padre, reze pelo meu filho
ou pela minha filha. Eduquei-os o melhor que pude. Mandei-os à catequese. Levava-os ao domingo à missa. Mas agora não querem saber de nada. Olhe, o meu João até diz
que vai casar pelo civil. Imagine, Padre!...» E nós compreendemos a dor que vai naquela alma. Mas, logo a seguir à mãe, é capaz de vir o filho ou a filha e dizer:
«Padre, dê-me uma ajuda! Lá em casa não me entendem. Não me deixam ser eu. Não posso abrir a boca. Não posso vestir a meu modo, nem usar o cabelo como eu quero. Os
meus pais cismam em que hei-de pensar como eles, viver como eles, rezar como eles...». E também nos damos conta de que esses corações sofrem.
A vida moderna exige padrões modernos. No tempo em que não havia rádio, nem televisão, quando a imprensa era rara e até poucos sabiam ler, as ideias avançavam muito
lentamente. Passava-se um século ou mais e todos pensavam do mesmo modo, contentavam-se com a mesma moda, viam e sentiam as coisas da mesma maneira. Assim, pais,
filhos e netos, tinham praticamente todos o mesmo pensar. Hoje é muito diferente. Já é lugar comum dizer-se que hoje se muda mais em dez anos do que outrora em cem.
Assim, não é raro ver-se um jovem de 20 anos com um modo de ser e de sentir quase em contradição com um jovem de 28 ou 30 anos! Além disso, os jovens hoje estudam,
leem, convivem, trocam ideias e impressões. Mercê deste facto, são esmagados por uma enorme carga de ideias que desperta neles uma atitude crítica a reclamar uma
independência de pensamento. É claro que estes e outros fatores tornam-se muito mais difícil a convivência social entre as diferentes idades e mentalidades. Tal
tensão, como é óbvio, estala sobretudo no seio da família. Faz sofrer pais e filhos. Estes conflitos poderão ser ultrapassados numa base de amizade mútua, diálogo,
tolerância e mútua compreensão.
Quando Jesus subiu ao Templo na companhia de seus pais, ficou lá três dias, sem lhes ter pedido licença. Ao encontrá-l'O, Nossa Senhora queixou-se, dizendo: «Filho,
porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à Tua procura?». Ele respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de
Meu Pai?» (Lc 2, 48-49). E o evangelista acrescenta, à guisa de comentário: «Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse» (Lc 2, 50). Também muitos pais não
compreendem hoje os seus filhos. Ora aqui está um dos pontos necessários para a solução deste espinhoso problema: a mútua compreensão. Ser compreensivo significa ter
muita capacidade para ouvir, ser capaz de se meter na pele do outro. A compreensão supõe um diálogo constante, aberto. Um diálogo franco, sem imposições autoritárias.
Além da compreensão e do diálogo é preciso o pluralismo. Este dá-se quando as pessoas se reconhecem diferentes e se aceitam como tal. Não podem todos ser olhos. Não
podem todos ser mãos. Não podem todos ser pés. Cada um tem os seus dons, as suas qualidades e os seus defeitos. Aceitar-se cada um como é, esforçando-se, embora, por
melhorar, é um dos caminhos para a convivência familiar.
Que a Senhora, mãe e esposa, nos ajude a ser compreensivos e a prestarmos mutuamente ajuda uns aos outros.

Texto extraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet

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