Leitura Bíblica:
"Jesus declarou-lhe: «Mulher, acredita em Mim: chegou a hora em que, nem neste monte, nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai. Mas chega a hora - e é já - em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende. Deus é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-l'O em espírito e verdade.»"
(Jo 4, 21.23-24)
Comentário:
Temos, através do mundo cristão, certos lugares particulares queridos aos fiéis, os quais, por isso mesmo, são lugares de peregrinação, isto é, de concentração de muitos crentes. Entre os lugares mais famosos da Antiguidade, lembremos apenas: Jerusalém, com o Calvário e o Sepulcro do Senhor; Belém, com a Gruta do Nascimento; os lugares da Terra Santa, marcados pela recordação da presença viva de Jesus; Roma, com os sepulcros dos Apóstolos São Pedro e São Paulo; Compostela, onde se pensa estar sepultado o Apóstolo São Tiago; o Monte de São Miguel dedicado a este anjo, etc. Nos últimos tempos, surgiram alguns centros de peregrinação, particularmente célebres, dedicados a Maria, como Lourdes e Fátima.
O homem religioso tem necessidade de lugares e de coisas sagradas: Santuários, imagens, relíquias, estampas, objectos benzidos. E assim por diante. Esta necessidade é psicológica. Brota do sentimento religioso e é sua expressão. Por isso, encontramo-la em qualquer religião, e até em maior profusão do que no cristianismo. Precisamente, o cristianismo, numa linha profética, lutou contra os abusos do sentimento religioso, entregue a si próprio. Na verdade, um excesso de sentimento religioso está na base do politeísmo, do bruxedo, da idolatria. Já S. Paulo dizia aos atenienses que eles «eram os mais religiosos de todos os homens» (Act 17, 22), pois não havia «deus» que não tivesse, no areópago, o seu altar.
É realmente perigoso darmos demasiada importância ao lugar, ao santuário, às imagens e aos objectos sagrados, em prejuízo das pessoas. Seria caírmos numa inversão de valores. Porquê? Porque a pessoa humana é o que há de mais sagrado sobre a terra. Tudo o mais - lugares, objectos, imagens e coisas sagradas - estão ao seu serviço.
O cristianismo representa um esforço pela espiritualização do culto. É uma luta para libertar as pessoas dos exageros escravizantes do sentimento religioso. Assim, em vez do templo de pedra, Cristo e os cristãos são templos de Deus. Os verdadeiros templos do Deus vivo. É este o significado dos textos evangélicos sobre a expulsão dos vendilhões do Templo, sobre a destruição do Templo de Jerusalém, do rasgar-se do véu do Santuário, etc. Lê-se no Apocalipse: «Não vi templo algum na cidade, porque o Senhor, Deus Todo Poderoso, é o seu Templo, assim como o Cordeiro» (21, 22). E S. Paulo pergunta: «Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?» (1Cor 3, 6). Outros textos: Jo 2, 13-23; 1 Cor 6, 19, etc.
Texto extraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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