Leitura Bíblica
"Aproximaram-se, então, de Jesus alguns fariseus e doutores da Lei, vindos de Jerusalém e disseram-lhe: «Porque transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos antes das refeições.» Replicou-lhes: «E vós, porque transgredis o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? Deus, com efeito, disse: Honra teu pai e tua mãe. E ainda: Quem amaldiçoar o pai ou a mãe seja punido de morte. Mas vós dizeis: ‘Seja quem for que diga a seu pai ou a sua mãe: Os meus bens, de que poderias beneficiar, são oferta sagrada’, esse já não está obrigado a socorrer o pai ou a mãe. E assim, em nome da vossa tradição, anulastes a palavra de Deus. Hipócritas! Muito bem profetizou Isaías a vosso respeito, ao dizer: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É vão o culto que me presta, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.»"
(Mt 15, 1-9)
Comentário
Hoje tem-se vergonha de falar das coisas de Deus. «A religião é uma coisa pessoal», diz-se. «Cada um tem a sua e ninguém tem nada com isso». Deste modo, enquanto outrora se caía no extremo condenável de os homens se matarem por causa de Deus, actualmente tende-se a não Lhe ligar importância, relegando-O para o dominínio do privado e do estritamente pessoal. Deus está cada vez mais ausente das manifestações públicas e sociais. Antigamente, tudo era religioso. A vida pública e privada circulava sob a Sua vigilância. Toda a vida de então - como semear um campo, recolher os frutos da terra, partir o pão às refeições, acolher as novas crias dos rebanhos, assim por diante - revestia um carácter religioso. Mas esses tempos já passaram. Vivemos num mundo secularizado, onde até o casamento começa a ser civil e o funeral profano.
Estamos num mundo profano. Multiplicar nele os actos de culto, como bênçãos de barcos, lançamento de primeiras pedras, bênçãos de edifícios e de fábricas, procissões morosas e outras coisas do género, em vez de ser um testemunho cristão, pode bem levar ao contrário. Pior ainda, quando tal religião dá a impressão de abençoar uma política que talvez contradiga os valores evangélicos e divinos. Tal culto não seria um anúncio de Deus, mas semente de ateismo.
O Cristianismo soou aos ouvidos dos crentes de então como uma mensagem de libertação religiosa. Libertou os judeus do pesado jugo da Lei de Moisés (Ef 2, 14-16). As Cartas aos Gálatas e aos Romanos são preciosos tratados a afirmar estes factos - libertou os pagãos dos cultos e dos ritos gentílicos, tantas vezes desumanos. Pois, bem, neste mundo secularizado, a inspiração libertadora do cristianismo inicial pode encaminhar-se para encontrarmos, também hoje, um rosto de Deus próprio para o nosso tempo.
Texto estraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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