terça-feira, 29 de maio de 2018

Maria e as mudanças na Igreja

Leitura Bíblica:
"Tendo Jesus chegado a casa, de novo a multidão acorreu, de tal maneira que nem podiam comer. E quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão nele, pois diziam: «Está fora de si!»"
(Mc 3, 20-21)

Comentário:
Depois do Concílio, tem havido muitas mudanças na Igreja. Lembremos as mudanças verificadas na celebração da Eucaristia, no jejum eucarístico e quaresmal, na lei da abstinência e das indulgências, na nova atitude política, no novo modo de apreciar as coisas, da maneira actual de tratar os protestantes como irmãos. E assim por diante. Todas estas mudanças, e outras mais que se estão a processar, causam dores de cabeça a muita gente. Não conseguem entender o porquê de tudo isto e, naturalmente, as pessoas preocupam-se. Mas é bom sinal, significa que se interessam pela sorte da Igreja.

Nossa Senhora viveu um período de mudanças muito mais profundas que as verificadas nos nossos dias. Como qualquer israelita, ela tinha sido educada no respeito sagrado pela Lei de Moisés. S. Lucas mostra-nos a Senhora a apresentar o Menino Jesus no templo, Jesus foi circuncidado no oitavo dia do seu nascimento (Lc 2, 21); os seus pais levavam-no, todos os anos, em peregrinação a Jerusalém, pela festa da Páscoa (Lc 2, 41 ss).
Não exageramos nada se imaginarmos Nossa Senhora e S. José como uma piedosa família judia da época, observante fiel das prescrições mosaicas. Mas Jesus cresce e começa a ensinar coisas nunca dantes ouvidas: que não se deve dar tanta importância ao sábado, pois este «foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27); que, para adorar o Pai, não é preciso subir a Jerusalém, pois «os verdadeiros adoradores adorá-l'O-ão em espírito e verdade» (Jo 4, 20-24); que o Templo, orgulho nacional da religião judia, vai ser destruído. Jesus, Santo Estêvão e S. Paulo são acusados e condenados por estarem contra o Templo e, naturalmente, contra o que ele significa: sacerdócio, sacrifício, culto mosaico... (Mc 13, 2; 14, 58; Act 6, 13 ss).
Com Jesus nasce uma nova fé. Para Maria foi uma mudança espantosa. Terá também ela sofrido com tais mudanças? Vários textos evangélicos o fazem supôr. Simeão fala duma «espada de dor» (Lc 2, 33-35); outros textos dizem-nos claramente que a família de Jesus não O entendia (Lc 2, 48-50; Jo 7, 3-5) e até chegaram a pensar que Ele não estava bom (Mc 3, 20-21).

As actuais mudanças na Igreja foram decretadas por ela mesma reunida em Concílio. Talvez alguns tenham exagerado nessas mesmas mudanças. O certo, porém, é que ainda há muito a reformar para cumprirem a vontade do Senhor, manifestada nos documentos conciliares. É possível que algumas pessoas sofram com tudo isto. Entretanto, como Maria, esforcemo-nos por estar atentos à voz de Deus. Porque é o Seu Espírito que «faz rejuvenescer a Igreja com a força do Evangelho e a renova continuamente» (LG 4).

Siglas:
LG - Lumen Gentium (Constituição Dogmática sobre a Igreja) 

Texto extraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet

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