terça-feira, 22 de maio de 2018

Maria, Mãe dos Sacerdotes

Leitura Bíblica
"Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios. Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que o entregou." 
(Mc 3, 13-19)

Comentário
Nestes últimos anos os padres têm dado que falar. Foram as polémicas sobre o celibato; foi a discussão sobre a ordenação de homens casados; são os padres que abandonam o exercício das ordens sagradas; são os seminários vazios; são os padres a tomar compromissos políticos, a serem perseguidos pelos poderes civis e, finalmente, a serem presos e a sofrer condenações. Por outro lado, o seu modo de vestir e de actuar na sociedade causa susto a muita gente. Na verdade, os padres deixaram de ser todos iguais, de vestir todos do mesmo modo, de pensar e falar da mesma maneira, perderam até aquele ar místico e beato que lhes era frequente.

A crise do padre deve ser enquadrada na crise da Igreja e a «crise» desta na da civilização contemporânea. Estávamos habituados a definir a Igreja pela cúpula, pelo sacramento da Ordem, em vez de a definirmos pela base, pelo Baptismo. Por isso, ao menos na prática, até há pouco, entendíamos por Igreja apenas os padres e os bispos. Os fiéis cristãos não tinham consciência de ser igreja. A Igreja era como uma farmácia onde os leigos iam aviar as suas receitas para a saúde da alma. Não se sentia a Igreja como uma comunhão, uma comunidade-fraternidade.
O Concílio, afirmando que a Igreja é o Povo de Deus, veio dizer-nos que esta se deve definir pela base, pelo Baptismo, e não pela cúpula, pela Ordem. Então, começamos a compreender que há uma coisa reservada aos padres que pode e até deve ser feita por simples cristãos. Ora isso provocou uma crise para o padre. Sentiu que não era tão necessário como se dizia, que afinal os leigos podiam fazer muito do que ele faz. E perguntou-se: Qual é então o meu papel? Sou ainda necessário?

Pelo baptismo, todos participamos do sacerdócio de Cristo. Com efeito, Cristo fez de nós «um reino de sacerdotes para Deus Seu Pai» (Ap 1, 6; 5, 9). Por isso, os cristãos constituem «a raça eleita, nação santa, sacerdócio real, povo adquirido»  (1 Ped 2, 9). Ora nós quase esqueceramos este sacerdócio comum a todo o Povo de Deus, para nos fixarmos, quase exclusivamente, no sacerdócio ministerial que é dado pelo sacramento da Ordem. Isso foi um exagero, porque o sacerdócio básico, na Igreja, é o baptismal. Na verdade, o sacerdócio ministerial está ao serviço do sacerdócio baptismal e orienta-se para ele. Se existe, é por causa dele.

Texto estraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet

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