Leitura Bíblica:
"Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»"
(Jo 20, 19-23)
Comentário:
Vivemos num mundo de contrastes. O custo de um bombardeiro atómico, por exemplo, daria para construir 75 hospitais com 1000 camas cada um; ou para construir 30 faculdades com 1000 alunos cada uma; ou para pagar salários a 15 000 ceifeiras, o que aumentaria extraordinariamente a produção dos nossos campos. O custo de um porta-aviões atómico daria para comprar 3000 milhões de trigo capazes de dar pão, durante um ano, a uma cidade como a do Porto. O custo de um foguetão daria para comprar 1000 toneladas de açucar; o de um submarino, para 50 000 toneladas de carne. Vejamos agora o reverso da medalha: por cada três pessoas que habitam este planeta, duas passam fome; temos ainda três milhões de analfabetos, milhões de doentes sem assistência hospitalar, etc. No entanto, a humanidade dá-se ao luxo de gastar rios de dinheiro em preparativos bélicos e em guerras.
Diz Paulo VI: «Quando tantos povos têm fome, tantos lares vivem na miséria, tantos homens vivem mergulhados na ignorância, tantas escolas, hospitais e habitações dignas deste nome ficam por construir, torna-se um escândalo intolerável qualquer esbanjamento público ou privado, qualquer gasto de ostentação nacional ou pessoal, qualquer recurso exagerado aos armamentos» (Populorum Progressio, 53).
Em todo o mundo a humanidade anseia pela paz. A juventude do mundo inteiro é a que melhor manifesta esta consciência dos homens do nosso tempo. Porque tem direito a viver em paz. Talvez mais do que ninguém, neste particular, o Papa Paulo VI tem sido um autêntico campeão na promoção da paz. Instituiu, no dia de Ano Novo, o Dia Mundial da Paz. No dia 4 de Outubro de 1965, festa de S. Francisco de Assis, o Papa deslocou-se à sede da ONU, em Nova Iorque, para pregar a paz às nações. Nesse discurso memorável, disse: «Nunca mais a guerra! Sempre a Paz!...» Se deveras quereis ser irmãos, deixai cair das vossas mãos as armas... ou a humanidade porá fim à guerra ou a guerra porá fim à humanidade». E em Fátima, disse: «Homens..., procurai ser dignos do dom divino da paz. Homens, sede homens!» Em discursos, visitas, mensagens e outros meios de actuação, Paulo VI leva sempre no seu coração a ânsia da paz. E fá-lo, não por razões de interesse pessoal ou de carácter político, mas porque é seu dever pregar a Boa Nova da paz.
Diz uma das bem-aventuranças evangélicas: «Felizes os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). Um cristão não pode ser pela guerra, porque Deus é pela paz. Como construir a paz? Responde o Concílio: «Para edificar a paz, antes de mais, é preciso eliminar as causas das discórdias entre os homens, sobretudo as injustiças, que são o alimento das guerras» (GS 83). Nossa Senhora em Fátima manifestou-se contra a guerra. Anunciou o fim da primeira guerra mundial, e disse que o pecado era a sua causa. O Concílio que, em frase de Paulo VI «é o Evangelho para o homem do nosso tempo», afirma que tais pecados são «sobretudo as injustiças». Elas «são o alimento das guerras». Por isso, a palavra de ordem para o Dia Mundial da Paz em 1971 era: «Se queres a paz, luta pela justiça». E a «Populorum Progressio» ensina: «Desenvolvimento é o novo nome da paz». Não esqueças, cristão, que a «paz também depende de ti».
Siglas:
GS - Gaudium et Spes (Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo)
Texto extraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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