Leitura Bíblica:
"«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’ Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’"
(Mt 25, 31-40)
Comentário:
A piedade popular católica multiplicou os títulos marianos. São muitas as «nossas senhoras» que encontramos por esse Portugal fora: Nossa Senhora do Sameiro, da Fátima, da Franqueira, da Saúde, do Carmo, dos Remédios, das Graças, etc. Há igrejas que têm duas, três, quatro ou mais imagens diferentes de Maria. A gente culta sabe muito bem que Maria é uma só. É-nos, todavia, apresentada em diversos aspectos da sua vida terrestre: menina, donzela, adulta; a ir à água à fonte, a fugir para o Egipto, a alimentar o Menino Jesus, a ler a Sagrada Escritura, a orar. E assim por diante. É-nos também apresentada na sua função actual junto dos cristãos como Mãe da Igreja, Rainha dos Mártires, Mãe dos homens. Aparece-nos ainda adornada com outros títulos de gosto popular, como Nossa Senhora dos Aflitos, Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora dos Prazeres, ou com títulos ligados ao lugar onde se encontra um seu santuário, como Nossa Senhora da Fátima, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Sameiro...
Todo o católico, com dez reis de cultura cristã, sabe muito bem que Nossa Senhora é uma só. Pois, como diz o Poeta: «Senhora do Sameiro, da Fátima, da Paz / Chamar por uma e por todas / É o mesmo: tanto faz» (Correia de Oliveira). Apesar de tudo, a muitas pessoas, tantos títulos marianos causa-lhes confusão. Certos comportamentos práticos de muitos levam mesmo a concluir que eles julgam tratar-se de «nossas senhoras» diferentes, quando dizem, por exemplo: «A Senhora de tal lado não vale nada, não faz milagres nenhuns; a de tal, sim, essa é que é milagrosa...» Não é raro depararmos também com um apego irracional a uma determinada imagem de Maria, não por causa do seu valor histórico, artístico ou religioso, mas porque se crê que tal imagem é mais taumaturga do que outra, está revestida de especiais poderes.
Alguns textos bíblicos proibem o culto das imagens: «Não farás para ti imagens esculpidas, nem qualquer imagem do que existe em baixo, na terra, ou do que existe nas águas, por debaixo da terra» (Ex 20, 4; Dt 27, 1-5; 4, 9-28).
Este preceito deve ser interpretado no ambiente bíblico da época. Os povos adoravam, então, muitos ídolos e deuses. Além disso, havia pouca gente culta. Por isso, facilmente se identificava Deus com uma imagem d'Ele. Para evitar tais perigos é que a Bíblia proibe as imagens. Mas afastados esses perigos, as imagens podem ajudar-nos muito a pensar em Deus e nos Seus santos, como a fotografia do pai, da mãe, da namorada, nos ajudam a pensar neles. Neste sentido, os cristãos começaram por ter imagens daqueles que se dintinguiram nas virtudes evangélicas, como Nossa Senhora e os santos. Por meio de imagens e quadros, também representamos certas verdades da fé, como o Espírito Santo, a Santíssima Trindade, a Eucaristia, etc.
Antes de mais, importa ter bem presente que a principal imagem de Deus sobre a terra somos nós: «Deus criou o homem à Sua imagem» (Gn 1, 26-27). As imagens de madeira ou de pedra não foram feitas à imagem de Deus. Mas nós somos imagens de Deus, pela criação, e imagens de Cristo pelo baptismo. Ora acontece que temos tanta preocupação pelas imagens vivas que são as pessoas. Se for preciso, até construímos uma casa para guardar uma imagem. E, à nossa volta ou longe de nós, há tantas pessoas sem casa, sem pão, sem carinho!
Texto extraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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