Leitura Bíblica
"Visto que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram, como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram "Servidores da Palavra", resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído."
(Lc 1, 1-4)
Comentário
Quando Cristo morreu, o Novo Testamento não estava ainda escrito, como é evidente. Este foi aparecendo aos poucos, segundo a necessidade de pôr por escrito a fé cristã. Assim, primeiro S. Paulo escreveu algumas cartas às Igrejas por ele fundadas. Entretanto, na catequese e na pregação, iam-se repetindo certos acontecimentos que, de tanto repetir, começavam a tomar uma forma fixa. Tal acontecia com certos ditos do Senhor, parábolas, narrações de milagres. E assim por diante. Depressa começaram a aparecer folhas soltas em pequenos credos, cânticos e hinos, exortações morais, homilias pascais e outros textos cristãos, para serem utilizados na liturgia, na catequese e noutras actividades sagradas daquela época.
Por volta do ano 70, uns 40 anos depois da morte de Cristo, apareceu, editado em Roma, segundo se supõe, o Evangelho de S. Marcos. Este evangelho, compilando folhas soltas anteriores, tornou-as desnecessárias. Além disso, enquadra a actividade messiânica de Jesus no esquema de um ano litúrgico. S. Mateus e S. Lucas, embora dispondo de outro material e doutras informações, escreveram também os seus evangelhos, tendo por base o esquema de S. Marcos. Nasceram assim os chamados Evangelhos Sinópticos ou paralelos. Estes, embora nascidos em igrejas diferentes, e para responder a situações diversas, conservam um certo paralelismo, ainda que, cada um deles, nos dê uma fotografia de Cristo de ângulo distinto.
Ignoramos o papel de Maria na redação dos Evangelhos. Certamente deve ter sido grande. Umas das constantes dos evangelhos é interpretar os acontecimentos da vida de Cristo à luz das Escrituras. Como sabemos, para Cristo, para Maria e para os cristãos da primeira geração, a Bíblia era unicamente o Antigo Testamento. O Novo Testamento, com efeito estava ainda a realizar-se. Não existia, pois, como livro escrito. Por isso, os cristãos dessa época, Maria incluída, liam o Antigo Testamento e viam como ele se realizou em Jesus. Assim fez o diácono Filipe com o eunuco da rainha da Etiópia (Act 8, 26-40). Assim fazia Maria que meditava em tudo o que Lhe acontecia, conferindo-o com a sua Bíblia, o Antigo Testamento (Lc 2, 19).
Texto estraído do livro: Mês de Maria pela Bíblia, da Difusora Bíblica
Imagem: Internet
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